"Se eu pudesse os combóios andavam mais depressa , os aviões não faziam barulho , não haviam portagens e as auto-estradas eram automáticas , punha o carro numa faixa e a estrada andava sozinha , chegava aí num instantes , tinha tempo para estar e regressar (...) E de olhos fechados , podia imaginar a vida que sonho mas que ainda não conheço , podia ver o futuro passar-me á frente , fazia as pazes com o meu passado e percebia que podemos ter aquilo que sempre quisemos , que nada é impossivel quando o que queremos é verdade e está certo.
Se eu pudesse ... mas não posso , porque ninguém caminha sozinho , uma ponte só se constrói se as duas margens deixarem e o rio só corre se a corrente o empurrar. E eu não sou mais do que uma gota de água nesse rio parado , uma peça perdida de uma ponte desmantelada , um mapa riscado que se esqueceu de todos os caminhos , uma folha em branco que perdeu a caneta , uma voz sem som , uma mão sem a outra."
Se eu pudesse ... mas não posso , porque ninguém caminha sozinho , uma ponte só se constrói se as duas margens deixarem e o rio só corre se a corrente o empurrar. E eu não sou mais do que uma gota de água nesse rio parado , uma peça perdida de uma ponte desmantelada , um mapa riscado que se esqueceu de todos os caminhos , uma folha em branco que perdeu a caneta , uma voz sem som , uma mão sem a outra."
... Margarida Rebelo Pinto
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